Tuesday, July 25, 2006

sobre dois arquivos

Há um novo arquivo. Seu nome - tão simplório quanto despretensioso -: dissertação.
Eu o olho de perto, eu o olho de longe. Mudo palavras de lugar.

Uma frase em construção:

é preciso pensar um arquivo pra fotografia…
…pensar a fotografia dentro de um arquivo em que sejam suas condições perceptivas e seus modos de visualidade…
…inserir as motivações de uma “ciência do ser único” tanto quanto as questões da arte dentro de um arquivo…
Um arquivo para a fotografia, não uma história.

As frases estão sempre em construção no arquivo. Talvez também as formas.

Esse arquivo é tão encantador quanto assustador. Da fotografia disseram que ela era alucinante e catastrófica.

Monday, July 24, 2006

do mesmo projeto

(...) Quanto tempo leva o gozo? Cinco minutos? Dez minutos? Uma eternidade? Pergunta estranha, porquanto não se pode dizer que o tempo seja a coisa mais importante uma vez que estamos envolvidos em uma relação. Mas e quando o gozo é o gozo via imagens, quando na relação nos envolvemos apenas enquanto voyeurs? Tratar-se-iam dos mesmos cinco, ou dez minutos? O tempo de espera do gozo é o mesmo para aquele que participou e participa ativamente da relação e para aquele que goza a relação dos outros posta em imagens? De fato, poder-se-ia falar em espera nos dois casos?
Teriam 5, 10 ou 15 minutos a mesma duração para aqueles que vivem uma seqüência de instantes orgásticos e para aquele que não age, mas apenas vê? Para o voyeur, que espera forjar o gozo a partir do gozo do outro, quanto tempo dura um gozo? (...)

Saturday, July 22, 2006

de um projeto que se gostaria em andamento

(e que se chama pequena morte)


(...) O gozo do corpo – momento final de uma relação. Crescendo de sensações que termina na liberação de todas elas. Estase de todo o corpo. Tempo alto.

O gozo via imagens - ponto alto quando a imagem satisfaz o meu desejo sem que eu a satisfaça. Gozo porque vejo o gozo, gozo porque ela me leva a esse ponto em que a partir dela, posso gozar. Tempo alto de uma imagem sem segredo que, se não me responde, conhece minha urgência e a mim se disponibiliza. Estase emprestada, forjada, apropriada e permitida. Gozar via outro; o fazemos com nossos binóculos, o fazemos com nosso vídeos. (...)

Thursday, July 20, 2006

sobre a primeira pessoa

1. eu. meu. minha dor. minha vida. meu corpo. minha opinião. minha experiência. meu jubilo. meu amor. meu cachorro. meu gato. meus inhos.
eu. blogspot.com; grande-eu.blogspot.com

2. e coloquemos todos os eus (não os muitos eus que uma pessoa comporta, mas as muitas vozes que falam do próprio eu) uns diante dos outros e teríamos uma sala de espelhos onde exatamente o eu faltaria. Imagem refletida, idêntica e inautêntica de um narcisismo cego. Eus reiterantes.

3. em que exatamente é a minha história diferente da sua? A minha dor? O meu amor? Ah sim...a minha é maior.

4. falta solidão no eu que fala sobre o eu.
porque mesmo ...? e dependendo do que que são as reticências (não vou preenchê-las, não pretendo nunca preenche-las. é, me parece, um excesso de auto exposição/exibição) agente acha que voltou cinco anos. ao que se era, ao que nunca se quis ser. acordar com o pé esquerdo. ter medo do dia seguinte. não saber quando o dia seguinte começou. faz 5 anos. ou talvez 3. o tanto não importa. fazem, passou, mas o "porque mesmo" faz do outrora um agora vivido. como fotografias.

* são, de fato, estas que me interessam. nem os "comos", nem os "porquês" da primeira pessoa - no mais das vezes de um narcisismo desmedido - mas fotografias.
sua catástrofe, sua loucura, seu vazio constitutivo.