Tuesday, September 12, 2006

por uma filosofia dos prefixos

Tenho bastante certeza de que, assim como há uma filosofia da pontuação, deve existir uma filosofia dos prefixos. Uma filosofia dos “des”, dos “pos” e dos “ims”. Não falo da lingüistica (que tampouco conheço). Mas algo como Agambem falando da “passagem sem distância nem identificação” para caracterizar os dois pontos e da virtualidade para referir-se às reticências.

Nesta filosofia, para mim desconhecida, diriam da impotência e da impertinência. Da desconstrução e do pós modernismo. Do ininteligível.

Diriam que impotência não é falta de força ou meios para agir, mas a potência do im. Diriam que sobra potência na impotência, mas que ela está na negação, no que impede a ação.

Diriam que inteligível é uma palavra traiçoeira, que ela parece algo que não é, e a última coisa que ela se parece é com seu significado. Isto porque ela parece trazer um prefixo onde não traz, uma negação onde não tem. O que dizer então de inintelegível, que acrescenta um prefixo numa palavra que já parece ter um? Diriam que ele se torna, a príncipio, a negação da negação e, portanto, a afirmação. Confusão que não dura muito. "Ininteligível" é o tipo de palavra que, na incerteza de seu valor afirmativo ou negativo, nos insere naquelas operações matemáticas de menos e menos é mais; mais e menos é menos. E neste sentido ele é bem mais fiel ao seu significado: ininteligível.



E dentre muitas outras coisas diriam que o pós, associado ao des, não facilita, mas embaralha a escritura da história. Que as artes, depois que aprenderam a falar pós modernismo e desconstrução perderam todo o sentido evolutivo (e o pós não é portanto mais algo que vem depois) para habitarem os escombros de temporalidades múltiplas.

*num breve resumo do ultimo mês: tenho escrito textos ininteligíveis sobre a desconstrução do modernismo. A escrita converteu-se na potência do im.

Monday, September 04, 2006

Ainda da pequena morte. (o projeto)

Do Segundo encontro: o fim.
Do ponto de vista do arquivo é um foco. Do ponto de vista do filme é um medo. Por um lado uma decisão, por outro, uma desculpa. E mais uma vez: o não dito. Ela não disse eu. Tampouco disse meu (em silêncio, na terceira pessoa ela ensaia: o meu f…., mas nem em silêncio ela consegue.) Os outros diziam nosso. Mas do ponto de vista do olhar, uma morte, por pequena que seja, não pode ser obra coletiva. Não se trata de um ensaio geral, uma construção premeditada, ou uma fantasia dividida.(…)