Tuesday, August 29, 2006

I

A morte. Pensando em escrever sobre ela, reproduzo o sintagma: A morte. Várias vezes repito: A morte. A morte. A morte. Digo em silêncio, outras vezes em voz alta. Experimento dizer também em francês: La mort. La mort. La mort. Deposito na minha inaptidão para a língua a solução para o problema da continuidade. Quero interromper o predicado ali, no La mort. Espécie de hipnose. La mort. La mort. Repetir, repetir até que não haja nada que não: A morte. A morte em sua absolutez. A morte em sua inteireza. Seis letras: A – m-o-r-t-e; e tudo o que entre elas subsiste. O interior. Não, não pode haver exterior (ou talvez haja só o exterior e nenhuma interioridade). Será possível pensar em uma morte sem sujeito? Uma morte que não remeta a um objeto. Morte impessoal, não individual? Morte acorporal? Que seja só ela, uma morte e nada mais?

1 Comments:

Blogger ana carvalho said...

tem um post pra vc no caixa de personagens.

saudade que deu.

beijo.

anica

12:34 PM  

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